quinta-feira, 12 de março de 2009

Só o Amor Não Concretizado Pode Ser Romântico


(01.30. o último cigarro do maço mereceu alguns rabiscos)

Enquanto procurava uns vídeos que mereciam ser vistos com outros olhos, fui rever o trailer de 'Vicky Cristina Barcelona', e me lembrei de uma das grandes questões do filme, num das falas de Juan Antonio: "Maria Elena dizia que só um amor não concretizado pode ser romântico". Pena que o romantismo, tal como o amor, é de difícil definição e se perde nas concepções e reações dramáticas de cada um.

Essa coisa de eu preciso dizer que eu te amo, te ganhar ou perder sem engano e xingar a mãe só ficava bonita na pele do Cazuza, gente! Avisa aí pra quem não sabe.

Tem me tornado intrigante a grande necessidade de definir das pessoas. Se quer separar, é porque não ama mais. Se quer ver de novo, é porque se apaixonou. Se não esqueceu, é porque ainda não arranjou um outro amor. Eis que chega a hora daquele seu amigo mais quieto, lá do canto da mesa, gesticulando com um cigarro na mão, já não muito sóbrio a ponto de verificar se acendeu o cigarro do lado certo, e solta o ponto de partida da boa filosofia de botequim:

"Quem disse que tem que ser assim?"

Ontem eu tive a sorte (por reconhecimento) ou o azar (por ambígua interpretação) de ouvir alguns elogios: chamaram-me de diferente das outras, como se "diferente" mostrasse claramente o que a pessoa pensa ou acha ou sabe sobre mim. E, numa atitude fracassada de me atingir, definiram meu amor próprio como uma postura forte e prática que tenho sobre as coisas.

Minutos depois a raiva aumentou e como a sinceridade quase sempre trancede a gentileza, corrigiram:

"É Karla...pena que sua praticidade faz de você uma pessoa egoísta, fria, sem coração e má!"

Acaba o respeito, acaba o amor. Quiçá seja algo não definitivo. Tem, mas acabou.

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